Entre o agora e o que fica
| foto: oticacotidiana feito com IA |
Mudamos, mas só nos damos conta disso de repente, como em um estalo, no calor de uma solidão, no fim ou começo de algo novo. Mudamos, e é então que entendemos: o que realmente importa não são as grandes promessas ou expectativas dos acontecimentos que vão brotar em nossas vidas, mas o que vivemos durante e depois desses acontecimentos.
Aos poucos, deixamos de sofrer pela ansiedade, porque deixa de fazer sentido sofrer pelo que pode nem acontecer. Firmamo-nos em valorizar os acontecimentos, as vivências, os encontros no instante em que surgem. Sendo capazes, mais tarde, de ressignificá-los, se assim quisermos, ou simplesmente de esquecê-los e seguir em frente.
A expectativa ansiosa pelo futuro perde sentido quando começamos a valorizar o momento presente. Tudo o que realmente temos é o agora, embora isso não signifique que não possamos construir além dele. Cada vez mais acredito que, ao saborear o presente com toda a sua plenitude e verdade, podemos criar novos significados para tudo o que parecia sólido.
Nas relações e nas experiências que compõem a vida, algumas lições se revelam de imediato, enquanto outras emergem com o tempo, à medida que nossa visão amadurece, que nossa mente aquieta e o silêncio corrói as relações. Um fato que era vivo começa a ter detalhes esquecidos, uma relação em que, aos poucos, não se tem mais interação. As mensagens espaçadas... a perda de conexão e interesse.
Em meio a tantas idas e vindas, há aprendizados explícitos, que saltam aos nossos olhos e corações num sopro, e outros – talvez os mais profundos – que se escondem nos silêncios. O que somos capazes de silenciar em nosso coração? O que o silêncio do outro nos diz sobre o que foi vivenciado? O que a mudança de cenário quer nos dizer?
Entre ações e silêncios, vamos aprendendo a nos conhecer.
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