Desculpe, amor

| foto: pixabay


Durante todos esses anos te culpei pelo que não vivemos. Culpei o seu medo e a sua insegurança de nos aproximarmos. O que eu nunca falei sobre, é sobre o meu medo. Sim, eu sempre tive.

Sequer tive coragem de dizer o que eu sentia por você. Escondia qualquer afeto, por temer o fim de nossa relação. Eu sempre imaginei que se você soubesse o que eu sentia por você, você mudaria radicalmente comigo. Por amar você, tinha medo de te perder.

Sim, fui egoísta e medroso. Tive medo da sua rejeição, do seu abandono. Me fechei completamente ao meu mundo sem você. Foi tão cômodo jogar nas suas mãos o nosso destino, deixar nas suas mãos o nosso começo. Você, jovem demais para perceber isso e eu imaturo demais para encarar.

Tive medo, assim como você teve. O meu, da sua rejeição, o seu, talvez, da aceitação para viver e ser o que é. Fato é que nós nos distraímos, nos perdemos e não vivemos o amor. Será que faria alguma diferença para você saber a veracidade e intensidade dos meus sentimentos?

Para mim, provavelmente sim. Se provasse da rejeição, saberia que ao menos fui honesto. Para você, não sei. Parece um mistério. Você sempre foi um mistério. Perdemos a nossa chance de nos amarmos.

Você não sai da minha cabeça, nem mesmo diante da possibilidade de um fim, da não experimentação. Quem sabe um dia, te esqueça, ou, quem sabe um dia tenha coragem para também enfrentar os meus medos.

Me desculpa, amor. Eu também tive medo.



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