Você procura respostas, mas anda na contramão?

| foto: pixabay


Em que momento da vida você percebeu que estava na contramão do que fala o seu coração? Em qual momento sentiu que as coisas estavam erradas e que remava em uma direção pesada, sem perceber que esse movimento era assim justamente por ser oposto ao que lhe era de mais valioso e, portanto, um fardo para encarar?

Andei na contramão por muito tempo. Andei em vias contrárias do que o meu coração dizia. Durante toda a minha vida, especificamente até hoje, acreditei que o amor me transformaria e abriria portas para todas as minhas realizações. Que o amor seria o grande condutor para tudo enfim dar certo e para mandar embora toda a minha tristeza por não me sentir encaixado e bem-vindo nesse mundo. Errei. Errei esperando esse amor de fora e da forma que acreditava que deveria ser. Amor da família, relacionamentos amorosos, conhecidos e amigos. De que amor de fato sentia falta e dava centralidade para existir enquanto ser humano? Se sentir amor era sinônimo de sentir sofrimento, então algo realmente estava errado. Talvez sequer isso seja sobre amor, mas possivelmente uma questão para existir.

Eu estava na contramão. O amor que seria o fio condutor seria o amor que sinto por mim, pela minha vida, pelas minhas características, por ser como sou. Por muito tempo pedi por milagres vislumbrando ser outra pessoa e, quem sabe com outra face e personalidade, me tornaria alguém que eu pudesse amar. Percebe? Eu queria ser alguém diferente porque buscava esse amor em qualquer canto do mundo menos em mim. Essa é a pegadinha que caímos em um mundo que não nos ensina a olhar para dentro. Projeções de sentimentos foram direcionadas, encarnadas e encorpadas em relações falidas, estruturadas em carências e necessidades afetivas. Como poderia dar certo? Como poderia provocar a mudança que tanto esperava e ansiava às noites, ao colocar a cabeça no travesseiro e conversar com o universo ou alguém capaz de realmente me ouvir?

Essa contramão custou uma parte da minha vida, talvez ela inteira se eu morrer nas próximas horas ou semana, mas esse estalo de consciência finalmente aconteceu. O despertar. Não há mais porque buscar nos outros algo que precisa nascer em mim e de mim. Esse amor condutor para todas as realizações, para a confiança, para a conquista da vida que planejei carinhosamente e cuidadosamente antes de vir a este plano. Ao menos é o que acredito. Tudo se encaixa agora, a resposta estava em mim e nesse sentimento de estranhamento com o mundo. O estranhamento, na realidade, não passou de um aviso do meu ser pedindo para que eu parasse de buscar milagres e colher flores onde jamais poderia existir o que tanto procurava. O que tanto procurava está dentro de mim e agora, mais do que nunca, vai passar a existir.

Sim, continuo a acreditar no amor. Mas no amor que preciso nutrir por mim, pelos meus sonhos e por eu ser quem sou. Se tem uma coisa que se deve colocar como meta na vida é de se aceitar no sentido de se amar como é. Isso não quer dizer que seja um impeditivo para evoluir, mudar e melhorar, não é sobre isso. Trata-se de nunca se acomodar ou jogar contra a própria intuição por um sentimento de estranhamento que vem dos outros tão forte a ponto e não se sentir bem sendo como é.

Você não precisa de intervenções físicas ou silenciar seus sonhos para atender às imposições e desejos dos outros. Você não precisa se tornar irreconhecível para ser amado e se amar. O que talvez não esteja ainda claro é que você deve ser alguém para se orgulhar e encarar os próprios desafios impostos ao escolher estar aqui nesse tempo-espaço.

As coisas mudam de lugar quando mudamos elas. Quando enfim acreditamos que a transformação é possível. Quando aceitamos e fazemos as pazes com as nossas vulnerabilidades. Ao reconhecer o que lhe é vulnerável, é muito mais fácil interromper a sangria provocada por àqueles que exploram elas a ponto de nos destruir ou imobilizar. O despertar passa por tudo isso, passa por se enxergar agora e traçar uma rota de fuga e proteção.

Não há motivos para correr de si, mas há motivos para correr em direção àquilo que te trará paz no coração.

  

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