Nem gregos, nem troianos
Por que temos tanto medo de sermos rejeitados?
Bruno Bispo*
redacao@oticacotidiana.com
Príncipe Páris leva Helena em “Troia: A Queda de uma Cidade” | foto: BBC / Netflix/ reprodução |
Existem pessoas que, em diversas situações, vivem numa verdadeira corda-bamba, num esforço paulatino de agradar a todos no ambiente ao seu redor, colocando-se como adjuvante da sua própria história e não como sujeito de suas ações. Essa necessidade surge, sob certo ponto, de uma preocupação excessiva no que o outro pensa ou espera de você, do medo de decepcionar as expectativas de alguém ou do alto grau de autocobrança.
É esperado que nós, seres sociais, desejemos nos sentir parte (de um grupo ou do mundo) e se fazer importante para algo específico. Não gostamos de ser ignorados, rejeitados ou inertes. Na verdade, temos pavor à rejeição! Cada um do seu jeito, ficamos confortáveis quando nos sentimos acolhidos e amados.
Como nem tudo na vida são flores, não somos acolhidos e amados a todo tempo. E não deveria estar tudo bem? Se estamos certos de que os valores e virtudes que defendemos são coerentes com as nossas atitudes, devemos levar em consideração toda recusa ou hesitação do outro frente a nós? É natural termos medo de errar, desapontar alguém ou sofrer da frustração de quando algo não nos dá o resultado esperado. Mas, se errarmos – ou melhor, quando errarmos – que seja por nossas próprias convicções, e não por seguirmos o caminho que nos dizem ser o correto.
Existem dois pontos a serem levados em consideração: o primeiro é justamente a preocupação (pré-ocupação) excessiva em “o que os outros vão pensar de mim?” como fator limitante da liberdade e da identidade pessoal, e como contribuinte importante de sofrimento psíquico. Em outras palavras, quando voltamos nossa atenção para o julgamento das pessoas acerca de nós mesmos, deixamos de ter acesso a quem somos, e nos ferimos na tentativa de nos moldar ao que esperam de nós.
É esperado que nós, seres sociais, desejemos nos sentir parte (de um grupo ou do mundo) e se fazer importante para algo específico. Não gostamos de ser ignorados, rejeitados ou inertes. Na verdade, temos pavor à rejeição! Cada um do seu jeito, ficamos confortáveis quando nos sentimos acolhidos e amados.
A“Cada um do seu jeito, ficamos confortáveis quando nos sentimos acolhidos e amados". | foto: pixabay |
Se estamos certos de que os valores e virtudes que defendemos são coerentes
e com as nossas atitudes, devemos levar em consideração
toda recusa ou hesitação do outro frente a nós?
toda recusa ou hesitação do outro frente a nós?
Bruno Bispo
Existem dois pontos a serem levados em consideração: o primeiro é justamente a preocupação (pré-ocupação) excessiva em “o que os outros vão pensar de mim?” como fator limitante da liberdade e da identidade pessoal, e como contribuinte importante de sofrimento psíquico. Em outras palavras, quando voltamos nossa atenção para o julgamento das pessoas acerca de nós mesmos, deixamos de ter acesso a quem somos, e nos ferimos na tentativa de nos moldar ao que esperam de nós.
Somos donos da própria história ou apenas andamos na corda-bamba da vida? | foto: pixabay |
Não é nada fácil simplesmente tapar os ouvidos para tudo que vem de fora e ser completamente autônomo(a) em todos os seus atos. Como afirmou John Locke, “nenhum homem é uma ilha”. No entanto, é um exercício necessário de autoconhecimento ouvir o que diz seu coração e se colocar como protagonista da sua história. Afinal, quem mais pode estar em íntima conexão com nossos sentimentos mais profundos, senão nós mesmos?
*Bruno escreve quinzenalmente nas terças-feiras.
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