Desculpa, meu primeiro amor
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Sinto palavras deslizarem de dentro do meu íntimo todas às vezes que penso no meu primeiro e verdadeiro amor. Há algo ainda não resolvido em meio ao que parece já estar. É uma sensação inútil. Nunca voltaremos a nos ver ou no tempo para então fechar essa lacuna que se formou entre nós. Sinto. E ela de tempos em tempos me machuca por trazer um resquício de dúvida e inquietude.
Talvez eu devesse te pedir perdão por todas as coisas que fiz ou disse tentando me salvar e me livrar da dor que imperava, por não ter o seu amor. Você foi o meu primeiro e verdadeiro, o que mais poderia esperar de mim?
Não quis te magoar ou te ofender, eu só precisava sobreviver de mim mesmo, desse sentimento intenso que se apossou do meu corpo e espírito por tantos dias. Havia necessidade real de livrar-me do formigamento de dentro do meu corpo. Talvez. Talvez pedir desculpas pelos meus olhos que volta e meia devoravam os seus, das sessões de grude instintivo e inocente. Eu só queria estar perto, sentir você. Só mais um pouquinho.
Não. Hoje não penso em nós dois vivendo àquele primeiro amor, porque tudo verdadeiramente já passou e foi superado. Contudo, vez ou outra sinto esse engasgo na alma e o desejo de te pedir perdão pelo meu comportamento inocente e impensado, ao tentar salvar àquilo que sentia e julgava ser bom. A gente tenta fazer de tudo para que o outro nos ame, não é verdade? Porém, essa ação é coisa de amador. Um grande e fatal erro cometido com consequências letais. Que sorte a minha ter conseguido ficar vivo e ver vida outra vez.
– Consegui. Finalmente consegui. – constatei depois de um longo período de solidão. Tudo agora é passado.
Me recuperei, entretanto nunca tive coragem de recuperar nós dois, àquela relação de cumplicidade outrora vivida e que, de certo modo, nos fazia bem. Não por temer que algo antigo pudesse voltar, mas por não me sentir bem pelas coisas que fiz para me salvar. Longe de ser um herói, só agi por defesa.
Também não garanto que me sentirei bem sabendo que não sou amado por você, então, prefiro me manter de longe. Prefiro lhe observar vez ou outra e desejar-lhe tudo de melhor, e mais uma vez: desculpas por tudo que fiz tentando me salvar. Ao menos consegui e usei as armas que tinha para me manter vivo.
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