Sinais em pingos



| foto: reprodução

Eu acordei e o dia não estava exatamente como eu esperava. A vida, por mais que estivesse com indícios de frutos sendo colhidos, também não. Uma chuva de verão caía e limpava os vidros da minha janela. O som dos pingos se espalhando por tudo, trazia a paz que há pouco tempo, antes de dormir, desejava.

Levantei da cama e fui à janela. Apoiei-me bestializado e fiquei por ali um tempo. Os pingos caiam no chão de forma ágil, tal qual os pensamentos caíam na minha consciência. Eu começava a olhar para própria vida e a encontrar as coisas que não estão funcionando.

Há quanto tempo eu fui feliz de verdade? Qual foi a minha última realização profissional que me fez ter orgulho de estar no lugar certo e no tempo certo? Quando foi que um relacionamento durou e não foi mais do que expectativas desleais, que mais trouxeram dor e opressão do que liberdade e infinidade? Há quanto tempo às coisas não estão equilibradas e simétricas e estou compactuando com isso? O que estou vivendo é o efeito de escolhas erradas? 

Para mim, que sempre fui movido pela intuição, à chuva da manhã me trouxe impressões e alerta vermelho. Algo estava errado, e em mais de um setor da vida. Estava na hora de encarar mais uma mudança, de recomeçar e se reinventar outra vez. Mais uma vez. Parecia tão enfadonho, porque em mim há o cansaço do movimento constante.

No meio disso tudo, a minha intuição é algo forte, porque ela guia a felicidade. Se não estou feliz, não há porque continuar em algo. A chuva durou pouco mais do que 20 minutos, mal o céu ficou fechado. Ainda podia ver a luz do sol disputando com as nuvens de chuva. Era a minha intuição disputando com a infelicidade e desequilíbrio de hoje. As minhas novas escolhas poderiam resultar em mudanças profundas para os próximos 20 anos.

Enquanto a felicidade for o guia para o equilíbrio, não pode haver desequilíbrios. O lado bom de tantos recomeços é que a mudança pode começar antes mesmo do céu escurecer e a luz fugir. Antes mesmo de não perceber o tamanho real da escuridão. O recomeço, no entanto, sempre deseja trazer algo real o bastante para não apontar e levar às trilhas efêmeras. 

  



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