A mentira








Ele havia mentido em prol de uma ilusão patrocinada pelo amor puro. Sacrificou-se, porque acreditou haver sentimentos do outro lado. Ele se entregou fortemente ao que sentia esperando uma única chance. Uma e tudo mudaria para sempre. Por amor, confundiu a intuição com a ilusão e não se deu conta de que estava morrendo aos poucos. Não notou que a sua esperança pela vida e amor estavam sendo ceifadas, enquanto esperava.

Os dias passavam violentamente por ele. Os fatos chegavam a uma velocidade assustadora. A sensação de tempo perdido doía. Durante a noite, só pedia por paz em monólogos consigo mesmo. Suas lágrimas já não o aliviava por precisar de paz. Ela, no entanto, só viria por via desse amor correspondido -uma chance, uma única chance, repetia- ou pela morte total dele. Sofria em silêncio por medo de estragar uma relação de amizade.

Contradição e infelicidade, porque essa amizade nunca foi valorizada, nem significou ou foi prioridade de quem ele amava. Conviver com essa realidade era outra parte do castigo. A infelicidade tornava tudo um fardo. A mentira patrocinada pelo amor puro era crua e densa. Queimava todas as noites e dias. Só que ele não havia atentado que o peso da mentira vivenciada é maior do que ele é capaz de suportar. O seu coração parece não aguentar a próxima batida, enquanto espera e luta por paz e vive a mentira.  







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