Para quê a pressa?
Para que as coisas terminem logo?
Para que o presente se torne algo possível de ser
manipulado e dominado, quando convertido instantaneamente em passado?
Para que se tornem lembranças e aí possam ser
narradas, como no fundo sonhou viver?
Para representar o conforto, o nostálgico? O valor
de velho? O valor da experiência bem sucedida?
Para quê a pressa em sentir tudo, em se entregar e
apresentar de uma só vez?
Para quê a fobia em ser livre?
Para quê ceifar espontaneidades e rituais?
Para quê tanto medo em descobrir o que há em si?
Para quê desejar chegar um futuro, se quando estiver
diante dele, não conseguir reconhecê-lo, por manter-se entranhado à pressa em
tudo devorar e manipular?
Para quê a pressa em devorar momentos, pessoas,
sentimentos e singularidades, se depois da rapidez vem à lentidão das
ressignificações? ∞
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