Relacionamentos: mais um produto de consumo?
Aquisição, consumo e descarte. Relacionamentos
estão se convertendo em práticas de consumo?
Sempre
que escuto alguém dizer que tal pessoa é o seu ‘sonho de consumo', me pergunto se a sua visão de relacionamentos
tem se convertido -- e reduzido -- a exatamente isso: a mais uma mera relação
de consumo.
Ao
pé da letra, se pessoa tal é consumida, grosso modo, significa supor que ela
poderá passar por todas as fases do consumo como um produto qualquer. Em tais
condições, tais etapas:
Valoração: se é novo é valioso, mais caro e tecnicamente
possui menos chances de se frustrar com os resultados. Constrói-se até o
imaginário da garantia de satisfação no uso. Aparência e conteúdo, às vezes,
são inversamente proporcionais.
Aquisição: depois de admirar e identificar o produto haverá inúmeras formas de
aquisição e aproximação. Criatividade em alta na hora de obter créditos para adquirir e consumir. Competição
e exposição podem ilustrar esta fase. Zero
a zero? Não!
Consumo: fase de uso do produto, variando de acordo com a
permissividade de ambos. A duração será definida a partir dos interesses, mas não
será necessariamente um consenso.
Por
fim, o descarte. Fase em que o
interesse que sustentava a relação se
esgota e já não há mais o que consumir. #partiu
#paraoutra #sozinhonunca A parte perturbadora é que todas estas etapas,
muitas vezes, não chegam a durar um único dia, nem sequer duram horas.
Pode
parecer pessimismo olhar as relações por este outro lado, mas o que trago aqui não
é uma novidade, exagero, invenção ou qualquer coisa do tipo. É tão recorrente
que é quase uma banalidade que estamos nos acostumando. Afinal, por que você
acha que a beleza física, a juventude e tantos outros valores questionáveis são
tão importantes, para os que assimilam o relacionar com a prática do consumo?
O que dizer dos que levam a estabilidade financeira como uma condicional quase
indispensável para conhecer, se envolver e amar?
Nem
tudo é incontornável, mas é inegável que a nossa forma de ver, perceber e de se
relacionar com o outro tem mudado significativamente. É uma época em que é comum
existirem pessoas leiloando a própria virgindade e que, para outras, o corpo
significa apenas um instrumento de satisfações imediatas -- possibilitando, inclusive, alugar companheiros no dia dos namorados ou em momentos específicos. Imaginar
que as pessoas estão sendo vistas e se comportando como um mero produto a ser
consumido e descartado, quando não houver mais o que obter, já não é uma
invenção ou exagero. Mas, sinônimo de preocupação.
Um
alarme para o que estamos, em passos silenciosos, institucionalizando como um
comportamento saudável. Não se trata de um conservadorismo, ao contrário. O que
precisamos levar em conta é que a submissão a certas práticas nem sempre
significará felicidade, tampouco satisfação real. O seu comportamento diz muito
sobre as relações que mantém. ∞
Olá Piiim
ResponderExcluirFazia tempo que nao passava por aqui, hã!
Você tem razão, INFELIZMENTE!
Por isso estou só.
Beijos.
Obrigado pelo comentário Pim!
ExcluirBeijos!
Tenho uma vizinha que não só tinha um sonho de consumo parecido com o pessoal da banda KLB bem como queria tê-los, possui-los, tinha tudo quanto é material gráfico e objeto deles, até que ela fez uns 20 anos (leia vinte anos) e arrumou seu primeiro namorado (um cabra macho mesmo pra encarar a viciadinha) e hoje mesmo não estando mais namorando, acabou. Simplesmente algo que durou alguns anos acabou assim, como se acaba uma novela.
ResponderExcluirO conhecimento de mundo de uma pessoa é muito limitada e na juventude, por mais que passamos a olhar nossos ídolos de maneira diferente, acho que cabe aos pais ajudarem a constituir os ídolos dos filhos, não simplesmente a mídia (e quem sabe os próprios pais não se tornem essa pessoa tão valiosa que um alguém qualquer é, sem deixar de promover ao jovem o desejo de sonhar, claro)