Mais uma vez, registros
Como se pudesse prever as próprias necessidades futuras, registrava tudo. As chamadas, os SMS, os diálogos, os encontros, absolutamente tudo. Na sua mente havia os registros do calor dos abraços, dos efeitos da doçura, do beijo, da felicidade do sorriso, da lágrima do riso e dos sinais de esperança. A voz permanecia como um fantasma, que certamente o perturbaria à noite.
Nas
fotografias via o passado que já foi presente, que ainda interfere no futuro.
Não se sentia fraco, tampouco nostálgico. Seu comportamento era tão singular,
aliás, estranho seria se não houvesse uma lembrança singular.
Registrou
tudo, as lágrimas, os sofrimentos, as etapas, os medos, os sorrisos, o amor, o
sentimento de eternidade. Parecia que previa o futuro, desejava ter tudo àquilo
guardado. Quem sabe será útil um dia. Justificava para si várias vezes.
Chegaria
então o dia em que tudo àquilo serviria para alguma coisa. Aprender? Talvez.
Recordar, ansiar, desejar? Provavelmente. Os registros são eternos, o
seu caráter era intangível. Complexo? Talvez. Aliás, não seria absurdo
imaginar que sempre registrou tudo para um tempo – que nunca chegará -- em pudesse
analisar.
Seguindo
o som da própria voz, mais uma vez, registrou as suas lembranças.
Depositou em um baú. Já não poderiam ficar em sua mente. Frustrada ilusão.
O que é eterno e intangível sempre trará lembranças. Mais uma vez,
registrou a sua tentativa. Quem sabe com a repetição, não aprenda a esquecer de
recordar. Quem sabe com a repetição, só abra o baú quando realmente precisar.
Mais uma
vez, registros. Mais uma vez, tentativas.
Acostumou-se a aprender, acostumou-se a tentar, mas nunca se esqueceu de
sonhar. De tanto registrar as coisas, nutriu a esperança de narrar a própria
vida com finais felizes.
eu sempre me identifico com seus textos vini, sempre paro pra pensar nos meus atos ;s
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e Visita Jadiinho!
ResponderExcluirSua leitura é sempre bem vinda ^^