Fragmentos de palavras, fragmentos de memórias
Lado a lado. A
presença o deixara em paz. O perfume era próximo, assim como o olhar, que dizia
o que gostava de ouvir. Recordou-se de quando o seu amor falava dele nas
entrelinhas o que pensava para os outros.
A cabeça descansava
no colo. Sorriam e prometiam que tudo ficaria sempre bem. Tudo era simples,
clichê, mas demasiadamente bom de experimentar. Por meio da espontaneidade,
falou com o amor através dos olhares. Confessou que estava amando cada momento
em que passavam juntos.
A observação
tornou-se necessária. Era o elo vital para os suspiros futuros. Das idas e
vindas, noites sem dormir deram espaço para os densos suspiros, ativados a cada
reconfiguração de sentido das mesmas mensagens, frases e fatos. O ambiente se
tornara outro e o tempo era devorado incessantemente por sonhos e sentimentos.
Lembranças do começo
parecem tão vivas, parecem querer acender algo já apagado. E àquele fogo que
foi capaz de ferir é o mesmo fogo que poderá trazer a paz. Mas a frieza surge
durante a noite, quando tudo tende a ser solitário. Tudo que desejava é que os seus
olhos voltassem a brilhar, como as estrelas que confessou os desejos mais
ocultos e sinceros de todos. O que parece utópico deixava de ser, o que é da
imaginação se tornava real. Perspectivas?
Toda àquela atmosfera
parecia coberta por neblina, mesmo tudo estando confortável. Lado a lado, aos
beijos e abraços, trocando palavras sinceras e honestas, nuvens insistiam em
atrapalhar. Talvez a ingenuidade não me permitisse perceber que àquilo era
apenas um sonho.
Foi durante a noite,
quando acordou, que teve mais um sonho. “Gostaria de viver naquele sonho para
sempre.” Parou e analisou bem o desejo. Percebeu que o sonho precisa acabar
para que outro comece -- ou mesmo para viver a realidade.
Talvez não tenham
lido nas entrelinhas. Falta de atenção. A pior parte de
escrever um livro é perceber que quem você quer que leia, não saberá ler, mesmo
que apresente formas e sinais de como decodificá-lo.
Lado a lado. As
nuvens, os momentos: fragmentos de palavras pertencentes ao livro que custou a
ser escrito. É tudo uma questão de perspectiva, de sensibilidade. Observe bem,
restaram apenas fragmentos de palavras, fragmentos de memórias. E o sonho?
Talvez continuem novas estórias e novos personagens.
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