E se eu jogasse tudo para cima?

Em meio ao caos urbano me pergunto: e se eu jogasse tudo para cima?

Se eu decidisse sair do carro, andar de semáforo a semáforo e sem pressa, no sentido oposto ao que todos caminham, fugindo para calma das montanhas ou para observar o mar?

E se eu retirasse o meu celular do bolso e o jogasse no primeiro boieiro que visse? E se eu deixasse de checar os e-mails, andasse por aí buscando encontrar as pessoas, objetos e situações que são capazes de me deixar bem?

E se eu permitisse a rotina sem a minha presença, sem os meus afazeres e papéis a cumprir? Como seria ver o mesmo objeto usando outras lentes? E o inconsciente qual seria a sua reação após uma decisão tão arbitrária e inesperada?

E se eu decidisse ouvir os meus desejos esquecidos pelas interações do cotidiano? E se eu buscasse o meu paraíso? E se eu encontrasse o que procuro sem esperanças de achar?

O mundo me pareceria outro, os dias seriam diferentes.

E se eu tirasse um dia só para ver o dia passar? Deitado com os meus pensamentos, recebendo a brisa do dia, me perdendo em estrelas e sonhos, e se...

E se você estivesse ao meu lado, segurando a minha mão, me prometendo que tudo ficará sempre bem, e se o seu sorriso fosse o sol e o brilho das estrelas o seu olhar? Poderia te observar o dia inteiro.

E se as nuvens que formam a tempestade forem passageiras? E se eu mudasse tudo com uma palavra, um gesto, uma ação? E se eu jogasse tudo para cima e deixasse por um momento as coisas falarem por si? A força que tenho é capaz de permitir que eu jogue tudo pra cima? As minhas pernas suportam o peso de cada decisão?

Ainda que não perceba, acho que tudo esta respondido, acho que tudo precisa ser vivido. E se eu te dissesse que vou jogar tudo para cima em busca de tudo àquilo que faz do meu dia, um bom dia?

Você iria acreditar? Você iria me acompanhar ou me julgar?