Um sopro

Um sopro...

Foi ali que tudo começou. Em uma tarde outonal você apareceu ao meu lado como se estivesse saído de dentro de um das minhas cartas. Confesso que no primeiro momento imaginei ainda estar sonhando. Na verdade, ainda tenho dúvidas se você realmente estava ali e se existe.

Um sorriso, um olhar, um sopro... Foi ali que tudo começou. O sol criava uma penumbra no seu rosto. De tal maneira que fiquei entretido ao observar você. Não que você fosse realmente interessante, mas a minha atenção naquele momento era só para você.

Um sopro... Um sopro e você se aproximou e se apresentou. Com gestos comuns, interpretados por mim como gestos especiais e repletos de significados, me senti instantaneamente como o mais especial de todos. Sem que me desse conta já estava começando a voar. Completamente absorto, imaginando conviver com você.

Palavras começam a sair de sua boca e nelas vejo a sinceridade. O sútil estralo entre o seu sorriso e o beijo de cumprimento, condicionaram o meu conforto temporal. Ainda não sabia, mas ali começara algo. Independentemente da minha vontade, algo está crescendo. Se amanhã perceber que algo está desconectado, terei de aprender a solucionar. Se amanhã perceber que voar é um perigo, precisarei voltar a caminhar.

Um sopro... Um sopro capaz de me manter nos ares. Um sopro capaz de me impulsionar a voltar a caminhar. Ainda não sei ao certo, mas o que posso dizer é que até agora estou sentindo os efeitos deste sopro.