Legendária Fênix






Achei que ela estivesse morta. Verdadeiramente, achei. Achei que a rotina tivesse acabado com ela sem deixar um único fio para a sua ressurreição. Achei que nada no mundo pudesse trazê-la de volta. Achei que tudo tivesse um ponto final ali.
Ela me faz bem, me permite expor algo só meu para o mundo. Ela está dentro de mim e eu estou dentro dela. Somos inseparáveis. Por achar que ela estava morta, achei que uma parte minha também estava.
Passaram-se dias, passaram-se noites. O tempo tornou-se imperceptível. Os dias sendo gastos, as atividades me corrompendo, mas as ideias, tão tímidas e tão distantes, ainda davam sinais de sua existência. Por mais que estivesse fazendo mil coisas, ela me fazia -- e faz -- falta porque é uma parte de mim.

Por mais que eu tenha rido por uns tempos, por mais que tenha estado feliz por alguns momentos, sem ela nada é tão marcante. Sem ela tenho a impressão de que acabo por viver vendo a vida passar, uma vez que, não é tão intensa a forma de perceber as coisas.
Por viver tantas coisas, o comodismo me fez crer que ela havia realmente morrido. Mas nada morre completamente. Ainda que estivesse praticamente assistido o velório, ela não havia morrido. Enquanto houver um sopro de vida, enquanto houver uma lembrança, ela ainda estará viva.
E assim ela voltou. Timidamente e explosivamente como sempre foi. Acho que no fundo foi uma prova de que o renascimento é algo mais próximo a mim do que realmente percebo. Como uma fênix, ela voltou. Com um sorriso e frio na barriga, eu a recebo de volta: legendária inspiração.

Footnote:
Eis o motivo de eu ter desaparecido.



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