Lógica paradoxal






     
Devo ter surtado. Devia estar perdido. As coisas mudaram tanto que os sentidos e ações pareceram contraditórios. Tudo que fiz, foi nada fazer.
De um lado uma expressão, do outro, cenários e palcos avivados por personagens ora neutros, ora ativos. No centro de tudo, eu. O protagonista que é surpreendido por fatos inéditos a todo o momento.
Fora ao que vivo, a vida me observa e me faz questionar coisas do tipo: onde andará o fôlego e onde encontrarei o grande elo para me sustentar, em meio a contradições e empecilhos, em meio a sorrisos e afetos? Tudo pareceu instável demais. A vida é tão irônica que permite questionar coisas que poderiam corromper a sua própria noção de existência.

Os sorrisos dos personagens se camuflam de tal modo, que eles acabam representando sentidos opostos. Os olhares tortos e as expressões de medo e preocupação, já não causam tanto medo. Como uma espécie de coerência paradoxal, tudo fazia sentido. Os delírios, os momentos, as loucuras, tudo fazia sentido.
O velho e desejado sorriso da vida mostrou-se capaz de aparecer novamente. Justamente quando fui capaz de compreender, mais uma vez, que em um universo de situações -- boas ou ruins -- existe uma coerência, por vezes paradoxal. Ainda que enlouqueça, surte, pareça distante e fora do mundo, essa coerência existe. Ainda que sofra, ainda que comece a sorrir, essa coerência existe. O mais extraordinário é que ela é capaz de absolutamente tudo e pouco temos noção deste tudo.


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