Incompleto
Sabe
quando você se sente feliz e ao mesmo tempo percebe algo que te deixa triste?
Não que as coisas sejam necessariamente pela metade, mas elas são incompletas o
suficiente para deixar marcas em seu bem-estar. É aquela velha estória do copo
vazio ou do copo pela metade.
Quando
você só conhece o pela metade, este se torna o seu todo. Quando só se conhece o
vazio, este se torna o seu todo. Você se sente normal, sem muitas alterações. Mas
ao conhecer um dos lados à lógica muda, é a soma entrando e modificando a sua
visão de mundo.
Fato
é que às vezes o nada é melhor do que o pouco. A regra de se contentar com o
meio copo não vale para tudo. Não vale para tudo, porque você conheceu o outro
lado. É compreensível que sinta que ter as coisas incompletas não te faz tão
bem. Você precisa do seu completo de qualquer jeito, tendo em vista que é
frustrante e triste, ter as coisas por partes, soltas e desconectadas. Essas
coisas preenchem alguns espaços, mas acabam por abrir outros mais extensos
ainda. O perigo é este. O resultado é o que ninguém quer, é o que ninguém
consegue evitar ou fazer de conta que está tudo bem e que não existe quando o
sente.
Mas
porque o vazio às vezes é melhor do que o meio copo? Talvez porque o meio copo
carregue em si a chama para esquentar outros sentimentos, o vazio também
carrega, mas o diferencial é que com o meio cheio entra a esperança, o desejo e
a crença de que finalmente vai dar certo, de uma forma mais intensa. E cria-se
uma, duas, vinte, várias ilusões. E deduzindo pela matemática das ilusões, a
maioria delas, quando mais se expande, mais dor e sofrimento causará quando
esta for identificada como apenas mais um sentimento falso.
O
falso é tão perfeitamente parecido com o original, que você inocentemente,
confunde e acaba por não perceber que é apenas uma cópia. Uma cópia quase que
perfeita. E aí chega o momento de repensar no que é realmente bom manter e do
que realmente é bom para alimentar.
Com
o vazio pode ser a mesma coisa? Quem sabe, talvez sim, talvez não. É tudo muito
incerto. Porém o incompleto em questão não é o que ninguém deseja para
preencher um espaço destinado para algo que tem de ser no mínimo completo e
satisfatório. Você está esperando por muito tempo, quer para a vida inteira. O
incompleto é uma ilusão que cresce como uma bola de neve, e acaba por se
transformar em uma avalanche, levando e destruindo tudo por onde passa.
Muitas
vezes quando a ilusão acaba, os efeitos e as crenças se dissecam, resta apenas
o sentimento em ter retornado à estaca zero. Ou ainda é como se tivéssemos
nadado, nadado, nadado e por fim não ter chegado ao ponto desejado e exato.
Gastamos energia, gastamos sentimentos, e por fim sofremos quando descobrimos
que foi só uma ilusão. Uma cópia perfeita, um sentimento incompleto. E o pior
de tudo: fomos capazes de crer que este incompleto e falso se tornaria completo
e verdadeiro um dia.
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